Caros leitores, amo histórias e mitologia, sempre amei contos de fadas e reinos encantados. Desde criança parava para ouvir e sentir, as sensações que provocam uma boa estória. Lembro-me da mãe da Maura e Rosa, em Nova Olimpia, sentávamos ao seu redor para ouvir, contos e mais contos.
A imaginação voava e na minha mente, tinha tudo pronto e acabado. As cenas vinham e iam como elas sempre existiram. Ela tinha uma facilidade de contar e envolver crianças, a este mundo mágico, que a gente, pedia para nunca se acabasse.
Hoje, percebo que as pessoas que fundaram Nova Olímpia tinham tanta cultura, que na época, nunca imaginei que houvessem, só saindo do local, da relação dos amigos e vivendo outros rumos, que percebo, a sabedoria desta gente.
OLÍMPIA - DEUSES DO OLÍMPICO - CONSIDENCIA OU NÃO, OS NOMES SE INTERLIGAM.
Bom vamos, a mais uma conto mitológico, que ouvi do meu professor de Literatura:
“A esta donzela suplicavam todos, e
debaixo de rosto humano adoravam a majestade de tão grande deusa; quando
de amanhã se levantava, todos ofereciam sacrifícios e manjares, como
lhe sacrificavam à deusa Afrodite”
Psiquê, a beleza desmedida
Lucio Apuleio escreveu as “Metamorfoses”
ou na tradução corrente “o asno de ouro” e entre suas histórias ele
narra uma das mais lindas, o mito de Eros (Culpido) e Psiquê, descreve
com detalhes o destino da jovem mortal, cuja imensa beleza transpôs a da
própria Afrodite, a Deusa do Amor.
Um rei teve três lindas filhas, de
belezas inacreditáveis, sendo a mais jovem a mais impactante, de tão
bela os pretendentes apenas a contemplava, sem ter coragem de
desposá-la. Deu-se que sua beleza foi cantada como se uma nova Afrodite
tivesse nascido, só que agora jovem e ainda mais bela. Os templos da
Deusa foram esvaziados, pois a jovem era vista como a nova deusa do
amor.
Irrita com tal desfeita, Afrodite saí do
mar e chama seu filho, Eros, um garoto alado de péssimo costume,
corruptor de jovens e provocador de escândalos. A mãe ordena ao filho
que procure a jovem que provoca tamanha afronta a ela, que lhe faça se
apaixonar pela mais horrenda das criaturas.
O pai casara as duas primeiras filhas,
mas temeroso que os deuses o punissem pela última filha manda consultar o
Oráculo de Apolo em Mileto. A resposta é fulminante: A jovem deveria
ser conduzida ao alto de um rochedo e lá um monstro viria desposá-la.
Diante da resposta do oráculo, sem
delongas o rei manda que se cumpra o destino da jovem, vesti-a com a
manta fúnebre e ordena que lhe levem ao mais alto do rochedo, que o
monstro virá buscar sua noiva. Porém, Eros, quando viu Psiquê não
consegue cumprir as ordens da mãe, terrivelmente apaixonado pede ao
vento Zéfiro que a leve ao seu palácio. O que assim se faz.
Eros e Psiquê – o amor que não tem rosto
A jovem acorda num jardim de uma beleza
luxuriante, diante de um palácio de sonhos, com receio, mas diante de
tanta beleza, obra digna dos deuses, Psiquê entra no palácio e percebe
que está sozinha, mas vozes se comunicam com ela, advinham-lhe os
desejos, sem que ela precise pedir, tudo lhe vem às mãos. Ao cair da
noite Eros, sem se deixar ver, faz de Psiquê sua mulher.
Solitariamente, Psiquê, passa a habitar
aquele lindo palácio, as vozes fazem-lhe companhia, conversando com ela
para aplacar sua solidão, durante a noite o esposo secreto vem lhe
satisfazer os desejos, cada vez mais apaixonados. Para quem estava
destinada a casar com um monstro, ela se sentia num sonho.
Passado um tempo, entre a solidão e o
amor noturno, Psiquê ouviu de uma das vozes que as suas irmãs iriam ao
rochedo chorar sua morte. Psiquê desejou muito vê-las, mas o esposo
temendo o pior pediu-lhe que fizesse ouvidos moucos, não desse ouvido às
lamúrias das irmãs. Com muito jeito e entre carícias e prazeres,
Psiquê convence ao amante que lhe deixe trazer ao palácio as irmãs, pois
se sentia só e saudosa da família.
Eros acaba cedendo, porém, expressamente
lhe recomenda não revelar nada sobre ele, nem ela mesma sabia que se
tratava de um deus, mais ainda jamais concordar, caso suas irmãs
pedissem em ver-lhe o rosto. Psiquê assim procede e a tristeza das
irmãs transforma-se em alegria, ao ver que Psiquê morava num palácio e
era feliz.
Passada a alegria as outras irmã
começaram a confabular sobre quem seria o misterioso marido de Psiquê,
ela apenas revela que era um belo e rico rapaz, mas para conter mais
curiosidade ela dá ouro e presente às irmãs. Durante a noite mais uma
vez o marido alerta para que mantenha segredo, sem procurar nunca ver
seu rosto, mais ainda que ela estava grávida, se ela mantivesse o pacto o
filho seria um Deus, porém se quebrasse a jura, nunca mais o “veria” e o
filho seria um mortal.
A inveja fatal
“serpente enroscada em mil anéis, com as fauces túrgidas de peçonha, a boca larga como um abismo”.
Uma nova visita, mas agora tomadas pela
inveja, as irmãs pressionam Psiquê a dar mais detalhes sobre seu marido,
ela se esquiva, mas acaba se contradizendo ao dizer que ele era de
meia-idade e um rico comerciante, também revela a gravidez, as irmãs
fingindo felicidade, conseguem convencer Psiquê que o marido não quer se
mostrar porque deve ser um monstro, uma serpente, como dissera o
oráculo.
Psiquê convencida pelas irmãs se arma com
um punhal e secretamente leva uma lamparina para o quarto. As irmãs se
comprometem a ajudá-la, porém ao ir para o quarto as duas fogem do
palácio. Psiquê tem mais uma noite de prazer, espera o marido dormir,
pega o punhal e acende a lamparina, aproxima-a do rosto de Eros, ela
fica cega de amor, a estonteante beleza dele a surpreende, arrependida e
tomada de imenso amor passa a beijar o esposo, este acorda assustado, a
lamparina caí no seu ombro ferindo-o. Percebendo o fato, ele a
amaldiçoa e ferido vai embora, expulsando Psiquê do palácio, prometendo
vingar suas irmãs.
O Banimento de Psiquê
“Quantas vezes não te admoestei
acerca do perigo iminente, quantas vezes não te repreendi delicadamente.
Tuas ilustres conselheiras serão castigadas em breve, por suas pérfidas
lições; quanto a ti, teu castigo será minha ausência”.
Desesperada, Psiquê passa a vagar pelos
campos, bate à porta de uma irmã e mente dizendo que saiu de casa pois
seu esposo se apaixonou por ela, sem nem pestanejar a irmã vai direto ao
rochedo e achando que Zéfiro irá levá-la ao palácio se atira, se
despedaçando. Psiquê faz a mesma coisa com a segunda irmã. Então sem
destino vai procurando por seu marido pela Grécia.
Enquanto isto, Eros ferido mortalmente,
procura sua mãe que terrivelmente irritada o amaldiçoa mais ainda, que
ele era apenas um devasso, que agora se apaixona por uma meninota que
desafiara o pode
r de sua mãe. Promete como vingança que terá outro filho para
substituí-lo além de despojá-lo de suas flechas mágicas, que dará a um
escravo. Mais ainda, que perseguirá até matar Psiquê, que ela não terá o
filho da gravidez.
Afrodite parte para vingança e chama
outras deusas mães, Demeter e Hera para auxiliá-la, estas se afastam,
temendo Eros. Então vai diretamente a Zeus, que lhe concede que Hermes
localize a fugitiva. Psiquê resolve se entregar a Afrodite, porém, uma
de suas escravas a acha, levando-a presa ao palácio.
A deusa mãe furiosa, tortura
terrivelmente a nora indesejada, destrata-a, arranca-lhe os cabelos, mas
resolve que a deixará viver se ela cumprir quatro tarefas, cada uma
pior que a outra.
As provações de Psiquê
“Sou mesmo uma tola, disse de si para
si. Trago comigo a beleza divina e até agora não peguei um pouquinho
para mim, a fim de conquistar meu lindíssimo amante. Assim dizendo,
abriu a caixinha”.
A primeira tarefa seria separar todos os
grãos misturados de lentinha, grãos-de-bico, trigo, cevada de uma grande
quantidade que a deusa põe a sua frente, em apenas uma noite. Chorando
desesperada, Psiquê se deita sem consolo, mas uma formiguinha pergunta
qual motivo do desespero, ela conta sua história. A formiguinha convoca
um batalhão de formiguinhas e separa delicadamente cada tipo de grão. Ao
amanhecer, Afrodite possessa acusa que Eros a ajudou.
Passa a segunda tarefa, muito difícil de
perigosa, quer fios de ouro da lã de uma raça de ovelhas ferozes, jamais
alguém conseguiria chegar perto. A deusa a leva ao local que as ovelhas
pastam, lá abandona a jovem. Ela concluiu que fora trazida ali para
morrer estraçalhada pelas ovelhas. Eis que aparece um caniço que ao ver o
desespero dela conta-lhe que as ovelhas são ferozes devido ao calor do
sol, que esperasse escondida o calor baixar que as ovelhas iriam
descansar deixando preso nas árvores seus fios de ouro. Ela assim o fez,
mais uma vez Afrodite amaldiçoa o filho achando que ele ajudar a
esposa.
A terceira tarefa era trazer água da
fonte em que nascem os rios do inferno Cocito e Estige. Esta fonte
localizava-se no alto de um penhasco, e por ambos os lados era protegida
por dois dragões que não permitiam qualquer aproximação. Psiquê fica ao
pé do penhasco, sem nem saber por onde subir, quanto mais passar pelos
dragões. Sobrevoando o local, a águia de Zeus vê Psiquê e vai ajudá-la,
desviando dos dragões colhe a água no vaso que Afrodite dera a nora.
Afrodite não culpa Eros, acusa que Psiquê usou de magia e bruxaria para
atingir o objetivo.
A quarta e última tarefa, Afrodite dá a
missão a Psiquê que ela vá ao Hades e peça uma pequena caixa para
Perséfone que contem a beleza imortal. Psiquê se deu por vencida,
escalou uma alta torre para se jogar no precipício, a torre, porém
começa a falar-lhe, dizendo que ela tem como ir e voltar ao inferno
(Hades) desde que siga rigorosamente suas instruções. Ela deveria dois
óbolos, em cada mão um bolo de mel e cevada. Os óbolos seriam para pagar
a passagem do barqueiro Caronte de ida e volta. Os bolos para amansarem
o cão Cérbero. Além disto, ela não poderia se desviar do caminho, ela
seria admoestada por um velho coxo e seu burro manco, para pegar lenha
que caíra, não deveria dar-lhe ouvidos. Depois na Barca de Caronte uma
mão pedirá sua ajuda para sair das águas, deve recusar, pois deveria
ignorar a piedade ilícita. E o terceiro já do outro lado do Aqueronte
umas velhas tecedeiras pedirão ajuda na costura, ela deve ir em frente,
pois o objetivo da armadilha de Afrodite é que a nora perca o bolo e
acabe devorada por Cérbero.
Ao chegar ao palácio de Perséfone ela a
convidará para comer um lauto jantar, não se sente à mesa, aceite apenas
pão preto e coma no chão, por fim pegue a caixinha e a traga de volta
sem jamais abri-la. Fielmente Psiquê cumpriu seus conselhos, passou por
todas as provas e retornou triunfante, porém ao sair do Inferno com a
caixinha ela meditou: A beleza imortal está dentro, vou usá-la para
reconquistar meu marido. Ao abri-la, assim como na caixa de Pandora, não
é exatamente o que prometia ser, um sono profundo tomou conta da jovem.
O amor eterno
“Cumpre aprisionar-lhe o temperamento
lascivo da meninice nos laços do himeneu. Ele escolheu uma donzela e
roubou-lhe a virgindade. Que ele a possua, que ela o conserve para
sempre, que ele goze de seu amor e tenha Psiqué em seus braços por toda a
eternidade”.
Naquele instante, Eros já curado da
ferida no ombro foge do palácio e acha a esposa adormecida, com muito
cuidado fecha a caixinha, prendendo o sono dentro dela. Porém resolve ir
ao pai dos deuses para pedir por seu casamento. Zeus reúne os deuses em
assembléia e expõe o caso de Eros, aconselhando que decidam pelo enlace
dos dois, que seja eterno e inquebrantável. A jovem não seria rival de
Afrodite, continuando a mesma a ser a Deusa do Amor. Aceita a
recomendação, Psiquê é levada ao Olimpo, lá come a ambrosia e o mel,
passando a imortal e a viver com os deuses com seu amor eterno, Eros,
deles nasce uma filha, Volúpia.
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